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Ventosaterapia: entenda a técnica adotada por atletas da Olimpíada

9 de agosto de 2016

Prática chinesa popular entre celebridades carece de comprovação científica

Além de sua incrível habilidade na piscina, outra coisa chamou a atenção para o nadador americano Michael Phelps durante as provas de natação já realizadas na Rio 2016: as manchas circulares em suas costas.

Também vistas no ginasta americano Alex Naddour, as marcas são resultado da ventosaterapia, prática milenar chinesa. Adotada também pelas atrizes Gwyneth Paltrow e Jennifer Aniston, a técnica consiste em aplicar ventosas (copos redondos de vidro) aquecidas na pele. O efeito de sucção dos copos deixa manchas como a de Phelps, que podem levar até duas semanas para desaparecer.

Os defensores da ventosaterapia afirmam que ela ajuda a tratar incômodos como dores musculares e nas juntas, além de problemas de pele como eczema e acne e desordens respiratórias, de gripes a bronquites e pneumonias. A técnica não-convencional, porém, ainda não teve a sua eficácia comprovada cientificamente.

"Não é simples determinar o quão eficiente (a técnica) será, porque há uma vastidão de lesões, tanto anatômicas quanto resultado de um problema maior. Mas é simplesmente uma forma eficaz de encorajar e até acelerar a resposta imunológica do próprio corpo à lesão", defende o médico Ayaaz Farhat, co-diretor de uma clínica especializada em ventosaterapia em Londres.

Segundo Farhat, o método se popularizou entre celebridades e atletas na última década. Um dos primeiros atletas a praticá-la foi nadador Wang Qun, na Olimpíada de Pequim. Floyd Mayweather, Andy Murray, Amir Khan vieram depois, além de Phelps e Naddour. Este último defendeu publicamente a prática em entrevista ao "USA Today".

"É o segredo que tem me mantido saudável ao longo deste ano. É o dinheiro mais bem gasto da minha vida, me livrou de muita dor", sustentou o americano.

Apesar de relatos do tipo, o professor de farmácia David Colquhoun, da Universidade College de Londres, argumenta que a ventosaterapia jamais teve sua eficácia atestada pela ciência.

"Não há ciência por trás disso. Há uma conexão vaga no conceito com a acupuntura, e normalmente é vendido pelas mesmas pessoas. É desesperadamente implausível, como poderia sugar um pedaço da sua pela num copo fazer algo pela sua performance esportiva?", questiona.

por: POR O GLOBO, COM 'THE INDEPENDENT'