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Dor lombar: pacientes estão recebendo tratamento errado

22 de março de 2018

Dor lombar e tratamento errado

Principal causa de incapacidade no mundo, a dor lombar está sendo tratada inadequadamente, de acordo com um estudo publicado no periódico The Lancet.

A pesquisa, que reuniu 33 autores internacionais, mostrou que esse grande contingente de pessoas com dor lombar ainda é tratado erroneamente, principalmente pelo medo ao redor dela. “As pessoas precisam entender que a lombalgia é um sintoma e não uma doença. É como a dor de cabeça”, diz Lucíola Costa, uma das autoras do estudo (2).

Segundo Costa, no Brasil, mais de 36% das pessoas com o problema migram para departamentos de emergência, preocupadas com algo grave, e lá fazem exames de imagem, são aconselhadas a repousarem, a se afastarem do trabalho, e a se manterem menos ativas (dados do estudo mostram que 90% dos reumatologistas brasileiros recomendam a essas pessoas o repouso). “Mas, de acordo com o que analisamos na pesquisa, os indivíduos que se afastam do trabalho e fazem repouso costumam ficar piores do que os que se mantem ativos.”

Exames por imagem como raio x, tomografia, ressonância magnética não são necessários, assim como a cirurgia, tratamento com pouca evidência de que seja eficaz. “Apesar de haver um grande número de estudos que não recomendam o uso rotineiro de análises de imagem para pacientes com dor lombar, é difícil encontrar um paciente que nunca tenha realizado um desses exames. Isso é preocupante porque não há evidências de que exames por imagem da região lombar contribua para a melhora do paciente, mas os pacientes encaminhados para exames de imagem são mais propensos a receberem cuidados desnecessários como a cirurgia.”

Segundo o estudo, no período de 1995 a 2014, o custo de cirurgias de coluna aumentou 540%.

A maioria dos casos de dor lombar responde a terapias físicas, com acompanhamento de um Fisioterapeuta, e psicológicas, que mantêm as pessoas ativas e permitem que elas permaneçam no trabalho.

Além disso, deve-se evitar o abuso de medicamentos e o repouso absoluto. “Em alguns casos o paciente pode apenas deixar o sedentarismo de lado com caminhadas ou natação e o sintoma já melhora. É preciso quebrar o paradigma do medo de se movimentar”, diz Costa.

Os autores dizem que os sistemas de cuidados de saúde precisam evitar tratamentos nocivos e inúteis. "Milhões de pessoas em todo o mundo estão recebendo cuidados incorretos para a dor lombar. Para proteção do público contra abordagens não comprovadas ou prejudiciais para gerenciar o desconforto exige que os governos e os líderes de saúde combatam estratégias enraizadas", disse outra autora, Jan Hartvigsen, da Universidade do Sul da Dinamarca.

Fontes:

1 - www.thelancet.com/series/low-back-pain

2 - https://vivabem.uol.com.br

 

por: Gabriela Ingrid